domingo, 2 de dezembro de 2007

Let's have a party

Em casa sempre fizemos as coisas pelo outro e quando as coisas são feitas pelo outro, ainda mais num círculo tão restrito, ocorre o retorno que, muitas vezes, é mais intenso e pleno de carinho do que o nosso próprio dedicar.
Igualmente, cultivamos muito o respeito mútuo. Com naturalidade consideramos o espaço, as coisas, os sentimentos, os gostos e quereres do outro e fortalecemos a saudável convivência que, dificilmente, será encontrada em outro lugar. Praticamos a querência.
Mesmo quando sabemos que o outro está errado em suas escolhas e ações, nosso julgamento não nos impede de sempre manter o mesmo comportamento: O respeito e a dedicação permanecem, até aumentam.
Assim, em constante processo, as qualificações de cada um, servem para suplantar os defeitos do outro.
Sem dúvida, tudo isso e um pouco mais, nada mais é do que praticar o amar que se torna correlato do permanecer; assim, do amor incondicional e respeitoso que é demonstrado, alimentado, prevalece e se firma, surje a única e exclusiva causa do prosseguir e do persistir.
Reconheço não existir relacionamento melhor do que este, que se expande e contagia os que estão próximos, que passam a integrar nosso núcleo familiar e a compartilhar parte dos mesmos privilégios.
Desde que voltamos para nossa cidade, não havíamos aberto nossa casa para os que nos são queridos; mas como tudo tem seu tempo certo, passadas enfermidades e pesares, aproveitamos datas distintas pelo mesmo motivo. Arregacei as mangas e disse para meu filho que comemoraríamos a entrada do ultimo mês do ano e ele, com seu divertido jeito, convidou seus melhores amigos para comemorarmos meu aniversário.
Elaboramos a lista de convidados com a preocupação de recebermos pessoas afins em quatro núcleos diferentes, para que todos se sentissem bem e partimos para os detalhes.
Reconheço que desde garota os detalhes do preparo de um encontro me encantam. Gosto muito de arrumar a casa, ofertar coisas gostosas, criar afinidades entre as diferenças e conferir aos detalhes parte do que sou.
Quero que todo o ambiente interaja sem que ocorra a perda da possibilidade de se manter algum diálogo mais reservado. Escolho as músicas de fundo, dou especial atenção ao colorido dos tapetes e complementos, à iluminação, às flores, às velas, ao arejamento, ao aroma (lógico que me preocupo em aspergir deliciosa água de flores provençais, ou, libanesas, em ritual que pratico com muito carinho), à circulação, ao conforto e ao segundo ambiente para maior diversão – jogos sempre são bem-vindos – e às particularidades de cada um. Quero que a minha casa se torne extensão da casa dos meus convidados o que somente é possível quando as pessoas se sentem confortáveis e bem-vindas. Penso na melhor refeição, no sabor e na facilidade que quero que desfrutem, sem que tenham que praticar qualquer malabarismo para ingerir o alimento. Preocupo-me em ter alimentos frescos e opções para todos os gostos porque, mesmo sem que eu saiba, cada vez mais meus amigos se tornam vegetarianos, ou, abandonam a carne vermelha (eu não), além de bebidas que satisfaçam – ah! Filho, que prazer reconhecer que as bebidas ficaram sob sua responsabilidade e você me superou.
Enquanto circulava para me certificar que todos estavam bem ouvi comentários sobre nossas amizades que duram anos. É verdade. Enquanto apresentava alguns convidados, me dei conta que nos acompanhamos, no mínimo, há mais de vinte anos. Outro reconhecimento: Eu mesma estou mais à vontade, a ponto de compartilhar imagens e matar a saudade de alguns, e chamar minha amiga querida para juntas cortarmos as frutas da incrementada salada – qual fruta combina melhor com qual e o suco fresco de laranja no final - enquanto conversávamos sobre melões, tapete e o guarda-chuva italiano cheio de detalhes de minha mãe.

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