domingo, 23 de dezembro de 2007

A confraria dos pescoços especiais

Há dois dias, enquanto tomava meu delicioso, gelado e doce suco de melancia e escolhia o agrado de chocolate e canela para meu filho, deixei o cão amarrado do lado de fora da super casa de pães.
Ao sair encontrei uma mulher alegre e carinhosa, que fazia a maior folia com o cão.
Encantada parei para curtir a brincadeira e iniciamos agradável conversa que durou bastante tempo, as duas, ali, em pé na calçada, numa agradável tarde de começo de verão.
Falamos sobre o cão, o bem que sua presença faz e com gestos elegantes, discretos, apresentamos nossos pescoços, as duas confreiras da nova e especial irmandade dos sinais verticais na região entre o tronco e a cabeça.
O meu, bem mais recente, completou sete meses; o dela, mais respeitoso e solene, a considerar a hierarquia que existe em qualquer associação, ocorreu há doze anos.
Desatendida toda coincidência e mantida e mansidão das ações que ocorrem sem mais nem por que e enriquecem a vida da gente, desde que os corações estejam abertos e as mentes receptivas, reconheço que identifiquei na alegre, vivaz e simpática Vânia – motociclista de primeira ordem – uma parte minha que resgato e a certeza que, realmente, o sinal do pescoço identifica especial sina e confere passagem por interessante portal
Compartilhar generosamente experiências e conhecimentos permite a elucidação de dúvidas muitas vezes desconsideradas por profissionais especializados que deveriam, por ofício, entender o que ouvem e saber sobre o que falam.
Às vezes, o jaleco caiado se transforma em armadura sem cor, que reflete todo tipo de luz e nada retém ou absorve.
Não digo que o advogado criminalista deve ser preso para melhor defender seus possíveis clientes, nem que os médicos devem ter a pele queimada para melhor entender seus pacientes traumatizados, mas é imprescindível considerável dose de compaixão e solidariedade. Honestidade. Competência.
Algumas rotas errantes serão corrigidas.

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