Eu quero essa imagem, pronto. Ai vem outra, feito. Ah, essa eu não posso perder, clic. Clic clic clic clic é a nova compulsão sem limites dos aficionados pelas câmeras fotográficas, lentes e acessórios de seus celulares, os aparelhos cujas funções secundárias superaram a própria razão de existirem.
Os celulares são os novos apêndices acoplados nas mãos e produzem efeitos distintos como a síndrome dos dedos nervosos, que causa movimentos espasmódicos e involuntários ávidos para transmitir mensagens de texto e espalhar novidades nas diversas redes sociais e, principalmente, captar todas as imagens possíveis, até mesmo as impossíveis e as pouco prováveis ou carentes de bom senso.
Parece que tudo deve ser fotografado, desde o prato de comida, o cafezinho, até os próprios pés, sem esquecer das pessoas encontradas nos diversos ambientes e os desvalidos moradores de rua - aqui, mudo o tom: Já não basta o infortúnio sofrido pelo imenso contingente de moradores de rua, ainda devemos perturbá-los para captar suas imagens e, pior, publicá-las na internet?
As pessoas não conversam, não convivem mais, compulsivamente apreendem imagens e assim acreditam estar satisfeitas.
Outro dia vi uma charge interessante: Um fotógrafo profissional, com seus equipamentos pendurados no pescoço, pedia licença a pessoas amontoadas que tiravam fotos com seus celulares e se diziam fotógrafas.
Eu não sei se a super exposição alimenta o frenesi fotográfico ou se dele é resultante.
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