Para bebericar e curtir os amigos, as refeições na Grécia, e na Turquia, também são servidas em pequenas porções (mezethes) que ficam dispostas sobre a mesa para apreciação de todos - comer bem e de forma variada.
Um bom copo de vinho, boa música, pessoas agradáveis e mezethakia são garantias para horas inesquecíveis.
O ano novo chinês terá início no próximo dia sete de fevereiro e, segundo o aquele zodíaco, será o ano do rato. O rato, tal qual o porco – javali – têm características bem diferenciadas do nosso entendimento ocidental.
Programo esta nova folia desde o tradicional reveillon. Neste ano, nasceu a idéia de comemorar o reveillon, o ano novo ortodoxo baseado no calendário gregoriano e o ano novo chinês. Rituais especiais e amorosos de passagem, com o regozijo e paz internos. Nada das habituais crendices e costumes. Precisa renascer por dentro para entender.
Babette à chinesa
Para começar, águas-vivas, ovos de mil anos, peixe defumado, saborosas natas de soja, nozes açucaradas, línguas e moela de pato. Tudo frio - e isso ainda é só um aquecimento. Uma fumegante tigela com sopa de barbatana de tubarão chega à mesa. Ao lado, um "steamer" de bambu mantém aquecidas as panquecas que envolverão o pato laqueado. Entram uma lagosta e um peixe.
Num piscar de olhos, não há mais vazios na mesa. É difícil conceber, mas ainda faltam um joelho de porco supercheiroso, um abalone (molusco caríssimo) e outro "steamer" com siao-lun-baos (macios pãezinhos recheados com porco) bem-arrumados sobre fatias de cenoura. Ao final, uma sopa de ninho de andorinha ligeiramente quente e adocicada.
Doze pratos em uma refeição? Nem sempre. Num banquete chinês eles podem chegar a 18. Ou mais. E, se a ocasião for o Ano Novo chinês, com início na próxima quinta, haverá ainda jiau-zi (guioza) e arroz.
A máxima é comer bem, não em excesso, e de maneira variada.
Provar bocados de tudo, como se estivesse beliscando, e compartilhar cada prato com quem estiver à mesa -aquela redonda, com o indispensável centro giratório. Não há pratos individuais, por assim dizer. Pinça-se o pedaço desejado, que vai diretamente à boca ou a um pequeno prato ou potinho de apoio."Banquete é uma tradição chinesa. Não é algo cotidiano, e sim reservado para momentos especiais", diz Liu Xiyuan, responsável pelo setor de cultura do consulado chinês em São Paulo. "É uma mostra da boa qualidade de vida da família."
A ocasião exige, de fato, condições financeiras. Na China, um banquete requintado, com iguarias raras, pode chegar a US$ 10 mil (quase R$ 18 mil).
"Comer bem faz parte da cultura chinesa. E a comida é muito diversificada", diz Paul Liu, 57, presidente-executivo da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico.
"No passado, as famílias preparavam as comidas do Ano Novo. Hoje, ninguém quer ter o trabalho de fazer o banquete em casa. Os restaurantes têm um cardápio pronto. É uma semana de comer e beber."
Ninho de andorinha - À maneira das refeições ocidentais, os pratos frios iniciam o banquete. Variam de quatro a oito opções servidas de uma só vez. O que soa mais improvável é comer peixe ou frango à temperatura ambiente. A seguir, vêm de seis a oito pratos quentes. Se uma sopa especial será servida (como a de ninho de andorinha), cabe à ela dar início a esta etapa -quem a encerra é um peixe, que pode ser seguido por fruta e alguma sobremesa.
O ninho, aliás, merece um capítulo à parte. Trata-se de um delicado emaranhado de fios construídos pelo pássaro com sua própria saliva (100 g podem custar até US$ 1.000, cerca de R$ 1.800). Quase sem sabor, é cobiçado graças à crença de que faz bem à saúde. "Dizem que quem come ninho diariamente vive mais e melhor", diz Liu.
Texto escrito por Janaina Fidalgo, para a Folha de São Paulo, em 31.01.08
Nenhum comentário:
Postar um comentário