Por que aprendi algo – pouco, muito pouco – sobre charutos se nunca fumei um e não acho tão interessante que mulheres fumem charutos ou cachimbos. Talvez algumas coisas mereçam continuar tipicamente masculinas.
Uma das imagens que tenho de meu pai é ele sentado em sua poltrona, a ouvir seus clássicos, com um cálice de Metaxa ou Courvoisier aquecido em sua mão e o Dunhill fumegante a exalar um dos melhores aromas do mundo. Abstraio tudo e me atenho a seu rosto. A expressão facial de meu pai era única.
Dizem que os melhores charutos estão em Cuba, na região de Pinar del Rio, seguidos pelos charutos da República Dominicana e pelos baianos fabricados no recôncavo. A produção de cada lugar é bem diferenciada: 104 milhões de charutos teriam sido produzidos em Cuba no ano de 2007, 570 milhões no Vale Cibao e quatro milhões na Bahia. Acho interessante que charuteiros, assim como os enófilos, viagem pelo mundo para curtir o melhor de suas paixões.
Pensar em charutos me faz pensar em tabaco e isso me remete a história familiar que esclarece uma parte do que sou. Meu bisavô tinha plantações de tabaco na região sul da Turquia, mais precisamente em Ismirna, e lá fez sua fortuna, criou família e firmou-se política e socialmente. Na primeira década do século vinte, comprou a segurança da família e todos migraram de volta para a Grécia, no famoso êxodo cristão que mobilizou um milhão e meio de pessoas. A pergunta então feita era simples: Você é cristão?
Estudei alguma coisa sobre Mustafá Kemal, posteriormente chamado Atatürk, e reconheço sua atuação naquele tempo tão difícil. Na Turquia, até hoje o idolatram. Meus sentimentos são mais refratários e em meio ao polêmico ambiente greco-turco, não deixo de perceber a ironia histórica do turco nascido em Thessalônica.
Quero aprender mais sobre a história do tabaco turco. A visão das plantações eu tive, assim como a mágica sensação de lá estar. Viajei pela Turquia inteira com o conhecimento interno, que não se aprende. Volto às coisas tipicamente masculinas: O futebol feminino me parecia um horror, mas hoje firmou seu espaço e é apreciado por muitas pessoas – ponto a mais para a quebra de barreiras e ponto a menos para os meus preconceitos. O mesmo acontecia com mulheres que jogavam bilhar.
Eu não pretendo aprender a jogar futebol, mas sinuca e bilhar jogarei com meu filho.
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