Londres, 1939, durante a segunda grande guerra o escritor Maurice Bendrix inicia seu mais novo romance com a seguinte frase: “Este é um diário de ódio”.
Essa é uma das cenas do magnífico e perturbador filme de Neil Jordan, “The end of affair” (1999), baseado no livro autobiográfico de Graham Greene, que narra com perfeição o amor interrompido em tempo e estágio prematuros, por razões discutíveis e menores que a força do próprio amar.
São três personagens intensos e paradoxalmente contidos: Maurice, Sarah Miles e seu marido Henry. Li e ouvi muitas opiniões sobre o romance aparentemente simples, mas dramático em sua essência, vivido por Sarah e Maurice. Qualificar esse amor de irracional, sexualmente libertador e proibido, é de uma simplicidade extrema, muito próxima da estupidez.
Sarah e Maurice se amam de fato, não são apenas amantes.
Henry e Sarah vivem um casamento estéril e morno, mantido por interesses e caracterizado pela hipocrisia, fator predominante nas relações que sobrevivem por este fim. Quando o homem deixa de ser homem e a mulher deixa de ser mulher, e ambos tornam-se parceiros, sócios, aliados, melhores amigos, carentes, dependentes e gratos ao sempre existente manipulador camuflado pela aparente generosidade; irmãos na pseudo-paz e segurança que acreditam experimentar, em detrimento da própria felicidade. Sufocam-se e oprimem-se em relacionamento desprovido de amor.
Essa é uma das cenas do magnífico e perturbador filme de Neil Jordan, “The end of affair” (1999), baseado no livro autobiográfico de Graham Greene, que narra com perfeição o amor interrompido em tempo e estágio prematuros, por razões discutíveis e menores que a força do próprio amar.
São três personagens intensos e paradoxalmente contidos: Maurice, Sarah Miles e seu marido Henry. Li e ouvi muitas opiniões sobre o romance aparentemente simples, mas dramático em sua essência, vivido por Sarah e Maurice. Qualificar esse amor de irracional, sexualmente libertador e proibido, é de uma simplicidade extrema, muito próxima da estupidez.
Sarah e Maurice se amam de fato, não são apenas amantes.
Henry e Sarah vivem um casamento estéril e morno, mantido por interesses e caracterizado pela hipocrisia, fator predominante nas relações que sobrevivem por este fim. Quando o homem deixa de ser homem e a mulher deixa de ser mulher, e ambos tornam-se parceiros, sócios, aliados, melhores amigos, carentes, dependentes e gratos ao sempre existente manipulador camuflado pela aparente generosidade; irmãos na pseudo-paz e segurança que acreditam experimentar, em detrimento da própria felicidade. Sufocam-se e oprimem-se em relacionamento desprovido de amor.
Em sua limitação e incapacidade de amar o fraco e egoísta Henry é incapaz de libertar Sarah.
Por sua vez, Sarah vive o dilema moral e religioso imposto pelos costumes e crenças de uma sociedade de aparências e não consegue assumir a responsabilidade pela própria vida, nem buscar sua felicidade. Assim, aparentemente resolve-se a questão, com a manutenção da dupla social e o afastamento do amoroso casal. Ao romper de forma inesperada seu relacionamento com Maurice, Sarah não esclarece o motivo e apenas cita a seguinte frase: “Deus reside nos detalhes”.
Eis o momento de maior impacto emocional: Em meio a um bombardeio aéreo a casa onde está o casal é atingida. Sarah acredita que Maurice está morto e desesperada implora a Deus pelo milagre da vida do amado, em troca do sacrifício supremo de jamais voltar a encontrá-lo. Dos escombros surge Maurice, mas a barganha com o Divino é mantida e Sarah se afasta. Decididamente, algumas promessas jamais deveriam ser feitas.
Infelizes e vazios procuram continuar suas vidas, mas é crescente a obsessão de Maurice para descobrir a razão do rompimento, apesar do amor que sentem.
Motivos equivocados, comportamentos confusos, amor desperdiçado.
Li sobre a preciosa e rara química que Sarah e Maurice tinham, a mesma que muitos passam a vida sem saber exatamente o que significa.
Eis o momento de maior impacto emocional: Em meio a um bombardeio aéreo a casa onde está o casal é atingida. Sarah acredita que Maurice está morto e desesperada implora a Deus pelo milagre da vida do amado, em troca do sacrifício supremo de jamais voltar a encontrá-lo. Dos escombros surge Maurice, mas a barganha com o Divino é mantida e Sarah se afasta. Decididamente, algumas promessas jamais deveriam ser feitas.
Infelizes e vazios procuram continuar suas vidas, mas é crescente a obsessão de Maurice para descobrir a razão do rompimento, apesar do amor que sentem.
Motivos equivocados, comportamentos confusos, amor desperdiçado.
Li sobre a preciosa e rara química que Sarah e Maurice tinham, a mesma que muitos passam a vida sem saber exatamente o que significa.
O mesmo desperdício de tempo e sentimento é vivido por outro personagem intenso e contido que Ralph Finnes interpreta no sensacional filme “The constant gardner” (2005) de Fernando Meireles, baseado no livro de John le Carré. O diplomata britânico Justin Quayle, que ama e é amado pela mulher, trai a si mesmo ao desconfiar da infundada infidelidade de Tessa. Nesse caso, o vínculo e o forte sentimento do casal são mantidos, mas a desconfiança afasta Justin da realidade vivida pela mulher, impedindo-o de protegê-la contra os interesses político-econômicos de poderosos que dão cabo de sua vida. Com a perda de Tessa e a confirmação de sua lealdade, o atormentado Justin decide agir, sabendo que seu fim será o mesmo de sua mulher.
Sarah e Maurice, Tessa e Justin perderam o que de mais precioso tinham.
Para a platéia resta a certeza da eficácia do bom e verdadeiro diálogo, o fortalecimento da confiança e a sempre pertinente e honesta luta pelo raro amor verdadeiro. “Real love at any cost”.
Sarah e Maurice, Tessa e Justin perderam o que de mais precioso tinham.
Para a platéia resta a certeza da eficácia do bom e verdadeiro diálogo, o fortalecimento da confiança e a sempre pertinente e honesta luta pelo raro amor verdadeiro. “Real love at any cost”.
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