segunda-feira, 25 de maio de 2009

Livros

Hora do almoço e a serenidade da própria companhia, dia que era de escolher um livro e ir ao correio para mandá-lo ao Rio de Janeiro, antes do aniversário de um bom amigo.
Fui à livraria Cultura e pedi ao vendedor conhecido algum livro de poesias de Mario Benedetti (o mundo precisa de muito mais poesia). O vendedor educado fingiu não ter ouvido a palavra poesias, levou-me até a estante dos escritores latinos e procurava algum livro de contos, algum romance de Mario Benedetti quando eu repeti: poesias e lembrei-lhe que aquela não era a estante dos poetas. Mas não existem poemas de Mario Benedetti! Não? Ora, para espanto do vendedor recitei três versos de tática e estratégia e sugeri que consultasse o sistema da livraria, por que era impossível que a Cultura não tivesse algum livro de poesias de Mario Benedetti. Não tinha. Ou melhor, lá estavam relacionados os livros de poesias esgotados de Mario Benedetti (e não é que ele também escrevia poesias, reconheceu o vendedor, seu espanto compartilhado com a vendedora ao lado, que lembrou a recente morte do talentoso escritor uruguaio). E agora? Cismei que mandaria de presente um livro de poesias de Benedetti e me vi sem opção no meio de centenas de livros que ocupam aquele espaço gigante. A dança do troca-troca das editoras faz com que algumas obras se percam ou fiquem precocemente esgotadas. Pois aquele foi o exato momento para o vendedor indicar-me as melhores dicas e lá fomos até a terceira estante do dia, acompanhados por outra vendedora, que interessada ouvia a conversa, e encontramos os melhores escritos de Ítalo Calvino, com a devida correção de que não eram escritos por Ítalo Calvino, mas indicados por ele, até chegarmos aos melhores escritos de Guy de Maupassant reunidos em um único volume, o preço bem interessante.
Com o livro para presente nas mãos percorreri as demais estantes para curtir os lançamentos e as obras desconhecidas, enquanto pensava no peso daquele livro, na segurança de seu envio ao Rio pelo correio, na eventual necessidade de recorrer a alguma empresa de courrier e no tempo que adicional que isso levaria. Se meu amigo não gostar de Maupassant? Bem, ele também poderia não gostar de Benedetti e as dúvidas começaram a surgir nesta cabecinha avoada (hum, mas que homem elegante esse ao lado - atualmente é tão difícil encontrar homens verdadeiramente elegantes) quando me lembrei do horário e resolvida saí da livraria, fui à agência do correio e preenchi os espaços da caixa de sedex.

Imagem de Cristiano Mascaro

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