Morreu a antropóloga Ruth Cardoso. Não digo morreu a ex-primeira-dama, título tão pomposo quanto vazio, mas uma mulher de personalidade, educada e culta. Várias vezes a vi nas caminhadas que costumo fazer - ela era alta, séria e compenetrada. Parecia até um pouco solitária.
O que me deixou verdadeiramente encantada foi seu comportamento gentil, há sete anos, em Brasília: Noite de sexta-feira, Teatro Nacional, uma única apresentação do balé Kirov.
Após o espetáculo minha mãe - minha baixinha e tão elegante mãe, então, com seus oitenta e dois anos - e eu estávamos no elevador do teatro, que parou no andar do camarote presidencial de onde saíam dona Ruth, outra senhora e um despreparado segurança.
Afoito e desajeitado ele ameaçou tentar tirar-nos do elevador - o que lhe renderia sério transtorno pela imediata defesa que eu faria de minha mãe – mas dona Ruth rapidamente o impediu e desceu conosco.
Nos onze anos que vivi em Brasília, cansei de saber e presenciar atitudes abusivas, desonestas e mal educadas dos que compartilham do poder.
Corrompidos, ainda perdem o mínimo de respeito e polidez. Não foi o caso.
É uma pena, de certa forma fiquei triste com a sua morte.
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