domingo, 28 de fevereiro de 2010

Esta luz animada e desprendida, vinda de longínqua estrela misteriosa, reflete-se em nosso rosto e acende indescritível claridade

Qual é a dessa petulante alta, magrela, pernas compridas, nariz e bumbum arrebitados, cheia de dengos, capciosa, cinturinha fina, tão fina, por pura inveja apelidada de “cinturão de fogo”, que sem ser convidada resolveu percorrer nosso planeta do sul ao norte? Por que, de repente, as placas de Nazca, a Sul-americana, a Norte-americana, a Eurasiana, a Arábica, a Indo-australiana, a Africana e a Polar ficaram tão alvoroçadas, impacientes, mal educadas, irrequietas meninas salientes, as oito apaixonadas por San Andreas, garoto atrevido e cheio de falhas, mal-humorado, sem eira nem beira, que vive a viajar pelo Alaska, Ásia, Japão, Filipinas, Indonésia, Malásia, Birmânia - como tem fôlego esse rapaz, Índia, península arábica, Turquia, Grécia, Itália e Portugal? O que existe de tão interessante nas “zonas de convecção”, locais de encontros e agito preferidos pelas placas tectônicas e pelas não tão tectônicas assim, para namoros e festas rave, que sempre acabam em atritos, choques e confrontos?
Esses abalos sísmicos acontecem de hora pra outra, sem aviso prévio, sem que ninguém saiba quando nem onde, tampouco pra que lado correr.
Tanta gente estuda, tanto equipamento ajuda, tanto investimento é feito, mas ainda não aprendemos a antecipar e nos proteger do inevitável. Será? Somos terrivelmente limitados.

A diminuta parte do todo

Reencontrei a alegria sentida no tempo das descobertas, do aprendizado inesquecível da infância e reforcei a necessidade de aprender mais, ato contínuo e indispensável, que transmuta a vida tornando-a muito mais rica e plena.
Não há nada capaz de substituir o entusiasmo do conhecimento - eufórico nos primeiros anos e contemplativo nos seguintes - conteúdo de primeira linha do espírito, verdadeiramente, livre.
Adoro aprender, verbo capaz de transpor limites, extinguir preconceitos e excluir barreiras. E o amor, ah, o amor é o conhecimento supremo: O bem e o mal - componentes do ser amado - aprendidos, perdoados, assimilados e amados.
Nesta semana a garota sapeca entrou no site da NASA, admirou as cores dos planetas do nosso sistema e atrevida renomeou o que viu pela frente. Hélios, Hermes, Afrodite, Gaia, Ares, Zeus, Cronos, Uranos, Poseidon e Hades. Os diversos satélites naturais com nomes de semideuses, titãs, titânides e hecatonquiros, parte da intrincada teogonia, gerações iniciadas por Caos.
O Hubble Space Telescope transformador de matizes e descobridor do belíssimo Blue Marble, nosso lugar.
No sistema de Hélios, Hades, filho de Cronos e Réia, mantém a mesma importância.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Lift us into the air that's no problem, but we can't stay in the sky, supported by air, nor can we soar like birds because we have no wings

Outono inverno 2010/2011
Aminaka Wilmont, Blumarine, Christian Siriano, Alexandre Herchcovitch, D & G, Denise Basso, DSquared2, Isaac Mizrahi, Juan Carlos Obando, Just Cavalli, Lino Villaventura, Manuel Bolaño, Mary Katrantzou, PPQ, Michael Kors, Victorio&Lucchino, Pamella Roland, Phillip Lim, Prada, Vivienne Westwood, William Rast

Pra que cara feia? Na vida ninguém paga meia

Conversa íntima

If there is something to desire,
there will be something to regret.
If there is something to regret,
there will be something to recall.
If there is something to recall,
there was nothing to regret.
If there was nothing to regret,
there was nothing to desire.

Vera Pavlova

Pedi tanto, não fiz promessa para não barganhar com Deus, mas pedi e pedi e pedi mais ainda, eu, que sempre peço de forma coletiva: a união e a proteção da família, a cura dos enfermos, luz divina sobre aqueles que necessitam de sabedoria e não peço algo só para mim, que não aproveite ao outro. Acho ruim e mesquinho incomodar o Pai com minhas coisas tão pequenas.  Mas eu acreditava tanto, então, pedi a realização do meu pedido - justo, devido, honesto - e pedi paz, felicidade e que a paz e a felicidade formassem um lindo manto sobre os demais.
Você não crê em Deus? Mas entende o que escrevo, porque alguma fé você deve ter. Não? Nenhuma fé? Cético de tudo? Você acredita no big bang e na criação do mundo através da explosão de inúmeros vulcões, na junção de placas (tectônicas?) e na separação de outras placas com mais vulcões ativos e o gelo a esfriar o ânimo da Terra.
Mas você entende que existem pessoas que professam um só batismo e crêem em um só Deus. Pois faço parte desse grupo fiel. Não, não sou evangélica, carismática, não faço parte de qualquer movimento religioso e respeito todas as religiões e crenças do bem – do mal quero distância, muita distância, infinita distância. Não recorro ao sincretismo tão nosso, tão brasileiro, de quem acende vela na igreja e corre até a moça da banca de ervas, na feira-livre, com a lista encomendada pelo conselheiro do centro de predileção. Acho que isso pode criar confusão nos diversos canais, além de dar mais trabalho: igreja, vela, centro, ervas, moça da barraca de ervas. 
Acendo vela na igreja e lamparina em casa diante dos ícones ortodoxos. Só. Foi assim que aprendi com meus pais e é assim que ensinei ao meu filho. Isso de fé a gente sente e tem.
Se aquele meu raro pedido particular foi atendido? Foi e graças a Deus não foi atendido exatamente do jeito que eu pedi – fui bem clara e racional ao pedir. Eu recebi mais, muito mais. Meu pedido foi atendido do jeito especial que Deus tem de ser do alfa ao omega, de conhecer todos os tempos, de conhecer todas as alma, de querer o melhor para nós e assim corrigir os pedidos baseados em nosso conhecimento parcial e tantas vezes equivocado. Saiba pedir (ou conheça bem o que você pede) não é assim que nos ensinaram? Deus melhorou e atendeu meu pedido e ainda por cima me protegeu de todo o mal, amém.

Is this someone you could take advice from? Who considers the stars? The one who said the truth? Who ate the last biscuit?

Another poet came into being when I saw the life of life,
the death of death:
the child I had birthed.
That was my beginning:
blood burning the groin,
the soul soaring, the baby wailing
in the arms of a nurse.

*        *        *

I broke your heart.
Now barefoot I tread
on shards. 

*        *        *

Immortal: neither dead nor alive.
Immortality is fatal.
Let us embrace. Your arms are
the sleeves of a straightjacket,
a life-belt to stay afloat.
Lyrical poets are cursed:
a caress is always firsthand,
a word rarely.

*        *        *

Learn to look past,
to be the first to part.
Tears, saliva, sperm
are no solvents for solitude.
On gilded wedding bowls,
on prostitutes’ plastic cups,
an eye can see, if skilled,
solitude’s bitter residue.

*        *        *

Perhaps when our bodies throb and rub
against each other, they produce a sound
inaudible to us but heard up there, in the clouds and higher,
by those who can no longer hear common sounds . . .
Or, maybe, this is how He wants to check by ear: are we still intact?
No cracks in mortal vessels? And to this end He bangs
men against women?

*        *        *

Why is the word YES so brief?
It should be
the longest,
the hardest,
so that you could not decide in an instant to say it,
so that upon reflection you could stop
in the middle of saying it . . .

*        *        *

Tenderly on a tender surface
the best of my lines are written:
with the tip of my tongue on your palate,
on your chest in miniscule letters,
on your belly . . .
But, darling, I wrote them
pianissimo!
May I erase with my lips
your exclamation mark?

*        *        *

Whose face and body would I like to have?
The face and body of Nike.
I would fly past all those Venuses,
would have nothing to do with Apollos.
With the wind chill on my shoulder
I would leave behind forever
the hall of plaster copies!    

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ah! essa necessidade atávica de querer tudo controlar

É ela. Sem dúvida é ela. Ora, pois, acreditamos. Sua total ausência de dúvida é o que de mais duvidoso existe. Quantas vezes você pensou exatamente assim: É ela! E quantas vezes ela deixou de ser.
Mas essa é tão carinhosa, dedicada, dócil, amorosa, alegre, generosa, bem humorada, cuida de mim, cuida das minhas coisas, prepara surpresas no meu aniversário, se preocupa com a minha saúde, melhora a minha alimentação, me incentiva a fazer exercícios, se preocupa com o que eu me preocupo, se interessa pelo que eu faço, acredita que eu sempre tenho razão, aceita minhas manias, não liga para os meus vícios – ela até me acompanha, sente prazer comigo e, sensacional, tem comportamento outdoor e demonstra a todos, sem exceção, nossa vida, o quanto me ama e o quanto eu sou o máximo. É ela.
O discurso interno é sempre o mesmo, as fontes de convencimento também, o terreno é aparentemente seguro, confortável, promissor e, principalmente, controlável, mas passado algum tempo, apesar do cenário todo adaptado de acordo com o gosto e as necessidades dele, alguma coisa acontece que o sufoca, oprime, o faz se sentir vazio, incompleto, infeliz, doente, o encanto se quebra e mais uma vez ela deixará de ser. Há um padrão aí, e uma sequência de escolhas erradas.
Como você dorme? Você faz questão de dormir de um lado específico da cama? Do lado esquerdo ou do lado direito? Você faz questão de dormir do lado que fica próximo à janela ou à porta? Como você arruma sua cama? Quantos travesseiros você precisa para uma boa noite de sono? Uma parte do lençol de cima deve ficar presa em baixo do colchão, ou, o lençol de cima deve ficar solto? Você não gosta do lençol de cima? Você não consegue dormir sem estar coberto pelo lençol e por uma colcha bem leve e suave, afinal, estamos em pleno verão? Você lê antes de dormir? Ouve música ou assiste TV? Você gosta de conversar antes de dormir ou em silêncio relaxa o corpo e a mente? Como é o seu colchão preferido? Cama com cabeceira ou sem? O que está sobre a mesinha ao lado da sua cama? O que você guarda na primeira gaveta do seu criado-mudo? Você faz questão de ter uma garrafa de água mineral por perto? 
Acredito que ninguém seria capaz de escrever sobre todas as suas próprias manias, idiossincrasias e comportamentos padronizados - apêndices acoplados ao corpo e mente ao longo da vida - sem correr o risco de desconhecer (ou não reconhecer) uma boa parte deles, ou, no caso de atento e perspicaz observador de seus próprios comportamentos, ideias e sentimentos, sem correr o risco de procurar imediato auxílio psiquiátrico.
Sou eu, meu corpo de um metro e setenta centímetros e outros eus, da mesma altura, formados por esses apêndices que deveriam tornar a vida muito mais interessante, mas, criam ambientes de conforto, controle e segurança – pseudo-ambientes – a limitar a existência.
As escolhas amorosas, por exemplo, costumam seguir o mesmo padrão: a repetição do que conhecemos e, o pior, do que entendemos controlar.
Nossas manias, idiossincrasias e comportamentos padronizados nos dão a falsa ideia de controle e custamos muito a entender que quanto mais desses apêndices incorporamos à nossa vida, mais seremos controláveis, previsíveis, isolados e, irremediavelmente, vazios.
Analiso bem os meus eus-apêndices e com carinho percebo o quanto, na realidade, são frágeis e com um sopro, vagarosamente, os desintegro até que reste somente o meu corpo, muito mais leve, um pouco mais sábio e inteiramente livre.

Imagem de Lilian Brassman

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Or the abyss is invisible, or there is no abyss until you fall into it

Não foi a primeira vez que o filme The Guitar, 2008, de Amy Redford, passou na TV, mas foi a primeira vez que deixei de lado tempo e realidade para ingressar em outra história com algumas  nuances semelhantes. Enfatizo o toque feminino que faz toda a diferença: As cineastas (Isabel Coixet, Sarah Polley, Julie Gavras, Nora Ephron, Kathryn Bigelow) nos presenteiam com obras de rara sensibilidade, enfoques distintos, complexos e belos. Amy, filha de Robert Redford, tem mais experiência como atriz e acertou em cheio nesse filme difícil de ser classificado. Não é um drama, nem comédia, muito menos um musical ou um filme romântico. Ousada afirmo que The Guitar é um conto de fadas do século XXI. Algumas bruxas bem malvadas representadas pelo emprego maçante, pelo empregador injusto, pelo namorado egoísta e pela enfermidade inesperada. A torre no castelo encantado, sem príncipe, nem fada madrinha. Solidão, sofrimento, lágrimas, descobertas, mudanças e sonhos realizados. O equilíbrio que a vida, de algum jeito, sempre traz.

Complementos: Seu comentário sobre o filme Paris, Je t'aime, Gerana, é encantador, pura poesia, expressão literária da mais alta qualidade a mesclar duas formas de arte. Li e reli seu escrito, que transformou literatura e cinema em arte una.

Confesso que estou com o dvd New York, I love you, 2009, dos memos idealizadores de Paris, Je t'aime, mas o deixo para o final do meu festival pessoal de filmes desta semana de molho, pelo receio de perder o encanto do primeiro. 

Sim, querida Gerana, assisti Les Amants du Pont-Neuf (Os amantes da Pont-Neuf), 1991, de Leos Carax, com Juliette Binoche, uma de minhas atrizes preferidas. Você não achou que também é de difícil classificação? Não é comédia, nem drama, tampouco musical? Um beijo carinhoso em você e na sua filhota querida.

Eat while you can of all this beauty continually replenishing itself, eat and digest and comprehend it

Vida morna? Existência monótona e insossa? Sentimentos controlados, camuflados, represados? Convivências teatrais, não pela dramaticidade, nem pela arte, mas pelas artimanhas para reforçar a suportabilidade inexistente, a convivência meio forçada? Céus! Não! Nananinanão. Nosso tempo é curto demais para isso.

Os nobres sentimentos

Desde a mais tenra infância, fomos ensinados a refrear certos sentimentos. Era feio ter inveja, raiva, ódio, e por aí vai. Mas será mesmo? E quem é a santa que só tem no coração bondades e caridades? Querendo ou não, os sentimentos – bons e maus – surgem, mas nos ensinaram que os piores devem ser afastados em nome já esqueci de quê. E como fingir que eles não existem, como ignorar o que está dentro do peito? Que tal tentar conviver com eles reconhecendo que somos apenas pessoas normais, para o mal e para o bem?
Digamos que sua grande amiga seja maravilhosa, tenha 10 centímetros a mais do que você e 10 quilos a menos. Além disso, é charmosa, inteligente, simpática e generosa – o que, aliás, não é nenhuma vantagem, com tantas qualidades – e consegue seduzir, sem fazer o menor esforço, homens, mulheres e crianças. Que raiva, que inveja. Fazer o quê? Em primeiro lugar, reconhecer o que está sentindo e as razões desses sentimentos. Não será preciso ir longe a ponto de dizer: “Eu te odeio porque você é mais bonita do que eu”. Mas, quando estiver sozinha, pode ficar com toda a raiva do mundo e odiá-la com todas as forças do seu coração – para aliviar o peito e não ter um infarto; isso ajuda a passar. E, quando adorar uma pessoa, deve também ir fundo e dizer que gosta sem nenhum pudor, pois gostar e fingir indiferença não tem a menor graça.
Já reparou como, para certas pessoas, é difícil elogiar? Quem escolher viver honestamente todos os seus sentimentos ai perder alguns amigos, mas, em compensação, os que ficarem vão ser para sempre. De que adianta o telefone tocar o dia inteiro se é preciso fingir que é indiferente para ser querida, para ter com quem ir à praia.
Quando tiver vontade de torcer o pescoço de seu filho adorado – porque isso às vezes acontece –, permita-se reconhecer e, se puder, diga a alguém – uma amiga, o padre ou o analista – quanto gostaria, naquele momento, de esganar a carne da sua carne e o sangue do seu sangue. Depois que a raiva passar, diga a ele, que vai achar muita graça. Assim, você estará abrindo para ele a possibilidade de lhe dizer um dia a mesma coisa, o que vai ser maravilhoso para a amizade de vocês. Porque entre mãe e filho, além do amor, se tiver também amizade, é a melhor coisa do mundo. E convém que ele saiba que, quanto mais próximas as pessoas, mais ocasiões e razões temos para amá-las ou odiá-las, e que isso é normal (e não deve trazer culpas).
Como é bom falar mal de uma pessoa, dizer com carinho que ela não vale nada e terminar confessando que é exatamente por isso que é louca por ela. Quando se ouve uma declaração de amizade dessas, nunca mais se esquece, e ser especial para alguém é tudo que se quer.
E mais: sofrer, chorar, rir, abraçar, beijar, passar noites em claro, de tanta felicidade ou de tanto sofrimento, acordar um dia achando que o mundo é todo seu e no outro não conseguir nem se levantar da cama de tanta tristeza sem nenhum motivo – é isso que diferencia uma vida plena e rica de outra morna e medíocre.
Dinheiro se economiza, mas emoções, sejam de felicidade ou de tristeza, de amor ou de raiva, nunca. Vá sempre fundo – a não ser que você esteja na vida a passeio, o que é uma escolha; uma triste escolha, aliás. Porque todos os sentimentos são nobres – inclusive os piores.

Danuza Leão

Imagem de Lilian Bassman

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ela disse adeus

Publicado hoje, no reuters Brasil, o texto abaixo nos faz pensar. Ou não? Será que o nosso comportamento mudou tanto? Certamente, não nos referimos somente aos jovens, a twitter - sms – mms - generation, mas a milhões, pessoas das mais diferentes faixas etárias, que perambulam pelo universo composto pelos sites sociais.
O que pensar da justificativa de Sean Wood sobre os foras instantâneos serem "fáceis", "rápidos" e auxiliarem a fuga do desentendimento? Hum! Será que facilidade e rapidez são as melhores qualificações para o fim de um relacionamento amoroso? Fácil e rápido para quem?
Consideremos um relacionamento ruim, pesado, medíocre e infeliz para as duas partes. Findo o sentimento e ansiada a liberdade, então, a rapidez pode ser excelente para a solução. Mas na hora de dividir os CDs, os livros, as fotografias, os móveis, o cão, justo naquele dia a carência emocional marca forte presença e uma das partes pode balançar um pouco, não pode? Pensar melhor, relembrar os bons momentos e, de repente, temer a solidão.
Lidar com sentimentos é complicado. Lidar com sentimentos em tempo de tantas mudanças é muito mais complicado. Os psicanalistas esclarecem sobre o rito de passagem e o período de luto, fundamentais para a assimilação de situações adversas difíceis. Afinal, não somos robôs.
Ela disse adeus através da alteração de seu status no facebook - ela disse adeus e tornou público que está disponível. Como, rapaz, você não passa o dia inteiro na internet (não trabalha, nem estuda) para saber sobre o status do seu próprio relacionamento amoroso?

O status dela no Facebook virou "solteira"? Você levou um fora

LONDRES (Reuters Life!) - Levar um fora digital é um fenômeno que está crescendo, segundo pesquisa, com números crescentes de pessoas preferindo o uso de email e redes sociais na Internet para terminar relacionamentos com seus parceiros.
Mais de um terço das 2 mil pessoas que participaram da pesquisa (34 por cento) disse que havia terminado o relacionamento por email, 13 por cento havia mudado seu status no Facebook sem avisar os parceiros e seis por cento havia divulgado a notícia unilateralmente no Twitter.
Em contraste, apenas dois por cento terminou o relacionamento por mensagens de texto de celular.
O resto havia se separado da forma antiquada através de conversa cara-a-cara (38 por cento) e por telefone (oito por cento).
"Terminar o relacionamento digitalmente se tornará mais comum", disse Sean Wood, diretor de marketing do serviço de relacionamentos DateTheUk para o qual a pesquisa foi realizada.
"Geralmente é mais fácil, mais rápido e evita qualquer desentendimento."

Perguntas da esfinge

Decididamente, este não é um tema a ser tão considerado, nem discutido – alguém descobriu a causa do câncer? Alguém? Como extinguir a fome? Como acabar com o abandono? Você aí? Nada? – mas a vida é feita disso, daquilo, daquilo outro e assim também passa o tempo.
Ao zapear os canais de TV entre a leitura de um livro e o mais novo DVD, nesta fase de quietude e mansidão para que os pontos, por enquanto, fiquem exatamente onde estão (Ai vai uma enquête relâmpago - O que você teme mais: A realização de algum exame médico, ou, o recebimento do resultado?) assisti a leitura feita por Tiger Woods do texto sobre seu arrependimento por ter traído seu casamento e causado dor, etc, etc, etc. Mas o quê ele está fazendo aí? Porque essa exposição? Afinal, do que se trata?
Não sou fanática por golfe, mas lembro bem do aparecimento daquele garoto nos campos, sua concentração e seu sucesso imediato. Precoce. Aos vinte e um anos conquistou seu primeiro Master e manteve o mesmo olhar, a mesma expressão, o entusiasmo contido. Imaginei sua criação rígida, controlada e direcionada – a gente imagina o que quer e o que não quer. E lá estava ele, na frente de jornalistas, câmeras, microfones e de sua mamãe, para a entrevista coletiva monólogo sem possibilidade de qualquer pergunta, só a leitura de um texto, no mínimo, duvidoso.
O que, afinal, fez Tiger Woods? Ah! Então, faltou uma figura típica: a esposa bem arrumada que apóia o marido famoso em sua confissão pública de adultério, preferências e condutas sempre ligadas ao sexo. Se eu tivesse que escolher a melhor figura típica do gênero, confesso que oscilaria entre Jackie O e Hilary Clinton. A primeira, não abriu a boca, nem um piu, sobre o lânguido derretimento público de Marylin Monroe; já a segunda, enquanto Mr. President semi-confessava, demonstrou seu total apoio e anuência através do balanço de sua cabeça enérgica e de seu olhar dúbio, ora pleno de admiração pelo maridão, ora pleno de ódio feminino velado a dizer: Depois eu coloco esse moço na linha e lanço minha candidatura à presidência.
Quantos ensaios, assessores, quantas palavras contadas, cortadas, refeitas, recontadas para confessar em público casos que se tornaram públicos. Mas qual é o nosso interesse nessa história toda? Mr. Woods sofre de algum vício sexual ou é, de fato, mulherengo? Isso o torna pior, ou melhor, jogador de golfe? Os resultados por ele conquistados serão afetados? E quanto ao Mr. Presidente, detentor do poder de definir o destino de milhões de pessoas? São dois pesos e duas medidas ou um peso e só uma medida?
Num mundo no qual a aparência é mais estimada do que o conteúdo e valores principais são esquecidos, confesso que me senti meio perdida com a importância conferida a essa história e, ao mesmo tempo, sem saber como responder as seguintes perguntas:
- Você confiaria num médico mulherengo?
- Você confiaria num advogado ou num juiz que sofre de compulsão sexual?
- Você gostaria que seu namorado, marido, companheiro convivesse com aquele melhor amigo, hedonista ao extremo e voltado exclusivamente à busca pelo sexo oposto (tentei não repetir a palavra mulherengo)?
- Você aceitaria o casamento de sua filha com aquele Don Juan Casanova?

Imagem de Joe Tan - figura da ópera chinesa.

Complemento: Obrigada, Gerana. Muito obrigada.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Some of the good performances of the last decade

Hoje, The New York Times Magazine publicou o vídeo The Best Performances of the Decade, com os depoimentos de Sandra Bullock, Jeff Bridges, Julianne Moore, Jake Gyllenhaal, Carey Mulligan, Woody Harrelson, Morgan Freeman, Christopher Waltz, Sam Worthington, Vera Farmiga, Tobey Maguire, Colin Firth, Zoe Saldana e George Clooney, sobre as melhores interpretações dos últimos dez anos. É interessante a análise que cada depoente faz sobre a razão de sua escolha. Enjoy.

Imagem de Lilian Bassman

I keep on dying because I love to live

The free bird leaps
on the back of the wind
and floats downstream
till the current ends
and dips his wings
in the orange sun rays
and dares to claim the sky.

But a bird that stalks
down his narrow cage
can seldom see through
his bars of rage
his wings are clipped and
his feet are tied
so he opens his throat to sing.

The caged bird sings
with fearful trill
of the things unknown
but longed for still
and is tune is heard
on the distant hill
for the caged bird
sings of freedom

The free bird thinks of another breeze
an the trade winds soft through the sighing trees
and the fat worms waiting on a dawn-bright lawn
and he names the sky his own.
But a caged bird stands on the grave of dreams
his shadow shouts on a nightmare scream
his wings are clipped and his feet are tied
so he opens his throat to sing

The caged bird sings
with a fearful trill
of things unknown
but longed for still
and his tune is heard
on the distant hill
for the caged bird
sings of freedom.

From now on, my head won't look down to a magazine, rather, it'll contemplate the night and its bright stars, and so, no more cliches

Anthony Bourdain não é um chef de cuisine tradicional - enquanto escrevo esta frase penso em Jamie Oliver e Nigella Lawson (meus queridinhos) que também quebraram algumas regras e paradigmas culinários, mas Bourdain não se enquadra na jovialidade de Oliver, nem na rápida praticidade de Nigela. Bourdain é simpático, irônico, às vezes sarcástico, curte rock, fuma demais, aparentemente bebe demais, se sente bem em qualquer biboca ao redor do mundo (se estou na rua, sentado numa cadeira de plástico perto de uma mesa de plástico, bebo cerveja, experimento as comidas locais e os cães comem os restos, sei que estou no melhor lugar), come e bebe coisas inimagináveis e tem o jeitão bad boy, roqueiro meio decadente, com calças jeans e casaco de couro, sorriso maroto, muito parecido com o garoto rebelde da nossa juventude, por quem sentíamos tanta atração, mas sequer imaginávamos apresentar aos nossos pais – aliás, ele se casou com a namorada da escola. Eu sei, é fácil se apaixonar por ele.

Seus livros mais vendidos: Kitchen Confidential, A Cook’s Tour, The Nasty Bits.

Seu blog e seu programa transmitido pelo Travel Channel

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Make room for me to lead and follow you beyond this rage of poetry. Let others have the privacy of touching words and love of loss of love. For me give me your hand

Si tú eres la yegua de ámbar
  yo soy el camino de sangre
Si tú eres la primer nevada
  yo soy el que enciende el brasero del alba
Si tú eres la torre de la noche
  yo soy el clavo ardiendo en tu frente
Si tú eres la marea matutina
  yo soy el grito del primer pájaro
Si tú eres la cesta de naranjas
  yo soy el cuchillo de sol
Si tú eres el altar de piedra
  yo soy la mano sacrílega
Si tú eres la tierra acostada
  yo soy la caña verde
Si tú eres el salto del viento
  yo soy el fuego enterrado
Si tú eres la boca del agua
  yo soy la boca del musgo
Si tú eres el bosque de las nubes
  yo soy el hacha que las parte
Si tú eres la ciudad profanada
  yo soy la lluvia de consagración
Si tú eres la montaña amarilla
  yo soy los brazos rojos del liquen
Si tú eres el sol que se levanta
  yo soy el camino de sangre

Por trás dessa lente tem uma garota legal

Hora de trocar as lentes de grau multifocais. Hum! Outro dia li sobre famosa consultora de modas que esteve numa galeria do centro de São Paulo, perto da Rua 24 de Maio, para encontrar armação de óculos mais barata. Ela está certa. Certíssima. As armações estão caras e as lentes multifocais mais caras ainda. Lentes zeiss (meus pais só usavam lentes zeiss), varilux, hoyalux. Varilux modelos a, b, c, a’, b’, c ’ e os preços continuam altos. Pensei muito numa armação de minha mãe, dos anos cinquenta, em formato elegante e diferente do jeito que eu quero, mas lembrei que ela doou essa armação. Encontro outra, Dior, dourada e arredondada, tipo Jackie O, formiga atômica ou besouro doido (dois apelidos carinhosos dados por mim e pelo garotão, respectivamente), mas, essa, deixarei para o próximo verão, ocasião que receberá lentes degrades escuras. Sim, sim, assumirei meu lado besouro doido. Encontrei outra armação da mesma marca, com os insuportáveis suportes de plástico móveis na altura do nariz – eu não me dou bem com aqueles suportes. Por que trocar minha armação atual? Porque ela tem hastes finas e facilmente sai do lugar, daquele ponto exato, o que para quem usa lentes multifocais é um horror. Porque um único par de óculos para quem não lê uma linha sem óculos é temerário. E porque encheu, virou comum, praga em plena proliferação. Todas as óticas expõem armações retangulares. O mundo virou retangular. Cansei. Não quero nada retangular, redondo, quadrado ou ovalar. As armações redondas não me caem bem e as quadradas, tais quais as retangulares, acentuam a parte profissional-competente do meu rosto, meus maxilares, meu queixo empertigado, meu nariz eufemisticamente grego. Quero a doçura do meu olhar, meu sorriso em troca do duro maxilar. Lembrei tanto de minha mãe: Você é jovem, dizia ela, não gaste com armação cara porque você vai se enjoar, em pouco tempo vai querer trocar. É isso. De repente, num passeio pelo shopping encontrei a armação ideal: Nem redonda, nem oval, muito longe do quadrado e do retangular. Um formato indizível, inexplicável, clássico e elegante. A marca, procuro a marca e vejo os indefectíveis “cezinhos” reconhecidos em todo mundo. Uma armação Chanel com preço tão indizível quanto seu belíssimo formato. Faço a conta em dólar e penso que nem no exterior aquela armação custa tanto. Esqueço minha paixão imediata e continuo a olhar a vitrine até a parte final, os óculos de sol.
Aqui abro parênteses: Sou moça fiel e leal. Desde pequerrucha gosto da mesma marca de tênis, não importa quantas marcas surjam depois, nem a melhor tecnologia oferecida. Fico sempre com os meus e quanto mais velhinhos (e usáveis) melhor. O mesmo com minhas armações de sol, sempre da mesma marca, desde que virei gente e passei a usar óculos de sol. Pois lá estava a armação ideal. Entrei na loja, pedi os óculos de sol da minha juventude e entreguei a receita para o cálculo do preço das lentes. Mas esses óculos são de sol, comentou o vendedor. E? Por favor, tire as lentes escuras. O rapaz tirou, experimentei e eis a novidade da praça. Não é redonda, nem oval, está longe do quadrado e do retangular. Um formato indizível, inexplicável, clássico e elegante. A armação custou menos do que as lentes e eu pechinchei para que no preço das lentes fosse aplicado desconto. Não precisei ir ao centro da cidade. Gosto de pechinchar.

Nonsense

Te esperei na lua crescer
Ví cadeira boa sentei
Espirrei na tua gripei
Por ficar ao léo resfriei
Você me agradou me acertou
Me miseravou, me aqueceu
Me rasgou a roupa e valeu
E jurou conversas de deus
Aganjú
Quem sabe a labuta quitar
Sabe o trabalho que dá
Batalhar o pão e trazer
Para a casa o sobreviver
Encontrei na rua a questão
Cem por cento a falta de chão
Vou rezar prá nunca perder
Essa estrutura que é você

Dentre outras, tantas outras, ouço Bebel Gilberto

Preencho espaço, por assim dizer, com total e incompreensível nonsense. Gripe, não sei se é gripe. A coisa começa tão rápido, o mal estar é imediato, que não dá tempo de maturar, sentir todas as fases e se guardar. De madrugada os dois lados da garganta doíam, espirros e tosse vieram em seguida, nariz entupido, secreção em excesso, dor de cabeça daquelas. Boca seca e febre, tudo em poucas horas. Meu sistema imunológico deve estar em férias, pediu licença e saiu. Dormir? Quem consegue? Justo no dia que o despertador tocou bem mais cedo para cumprir procedimento estranho, no mínimo absurdo, e ir à município desconhecido, como? qual caminho seguir? cadê o telefone do ser a encontrar? Tudo começou errado, tão errado. A solução está aqui, ao lado. O normal, correto, justo, honesto está aqui, ao lado. É aqui que deveria ser. Nessas horas a internet é genial e oferece endereço certo, informa telefone esquecido, supre deficiências e incompetências, apresenta mapa para a chegada ao destino por mais errado que seja, por que lá, não deveria ser. O que fazer? Taxi para ir e voltar do outro lado do mundo não pego. Ônibus, metro, trem, caminhada, balsa e canoa nem pensar, não sem ter ideia do lugar, com febre, dor no corpo e na cabeça, tontura e mal-estar. Meu carro ainda não dirijo por conta dos tornozelos, os dois, mais essa. Aqui, somos dois adultos e o cão. A mãe sempre cuidou de tudo e, independente, garantiu a boa via aos dependentes até não poder mais. Como, de repente, tornar-se limitada, pedir arrego, mostrar-se tão fraca a ponto de permitir que o nonsense prejudique ainda mais? É o seguinte, garotão, por causa das pendências de terceiros preciso ir ao outro lado do mundo, você pode me levar até lá? A resposta: levar e esperar, né mãe? Engole. Engole com calma, porque o garotão ta mais do que certo, corre tanto para dar conta de suas responsabilidades, para cumprir seu papel e não pode perder tantas horas de seus afazeres por causa do nonsense. O super celular virou super GPS com voz de moça que orienta e tela que apresenta o caminho a seguir. Não sei quantas vezes ouvi a frase mudança de rota, além das orientações incompletas: siga dois vírgula quilômetros e vire levemente à direita e... e o quê? Longos minutos após, a tia (naquela altura a voz feminina era íntima amiga de infância de toda a família) recomeça: siga vírgula cinco quilômetros e vire levemente à esquerda e... Céus! Sabem quando eu chegaria sozinha no outro lado do mundo? Nunca. E o lá, o outro lado do mundo, erra de doer. Que bagunça, que coisa estranha, moço com pinta de dono daquele mundo – o do outro lado – ah, meu Deus! Falo com o moço que tem de cor seu discurso e não espera por novas perguntas. Puxa, tadinho, teve que sair do script e apelou. Não, não e não. Pode o nonsense tornar-se mais nonsense ainda? Em situações raríssimas, descobrimos que pode: esqueceram de preencher, assinar e carimbar o papel do jeito que deveria ser. O garotão me puxa de lado, tira minha angústia, relembra meu centro, me acalma e toma as rédeas. O moço negativo amolece e vai além de seus limites para suprir a deficiência e a incompetência alheia. De fato, ele passou por cima de regras claras e rígidas - deixou de lado o carimbo e a assinatura, deixo de lado o cálculo errado e eu também deixei. Fiquei tão grata ao meu filho, reconheço que ele perdeu horas preciosas de sua ocupação e sei que ele (e eu também) não tem qualquer relação com o nonsense, a ponto de envergonhar-me de pedir sua ajuda na próxima segunda, dia das "bobópsias", retirada de pedaços meus e a costura com pontos em três lugares diferentes e difíceis, pele e osso. Neste lado do mundo eu me viro.
Um dia e meio de cama, hoje, sai um pouco de casa.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Read, picked and compiled, a child picking flowers, an adult reading poems

Nutritivo e refrescante? Tzatziki. Para os dias quentes e para refrescar nosso organismo esta delícia grega, que a exemplo das demais delícias gregas, depende de bons ingredientes e da simplicidade para manutenção de todos os sabores.
- Ingredientes: Pepinos japoneses frescos, iogurte fresco consistente e de boa qualidade, folhas de hortelã frescas, alho, sal, pimenta e o melhor azeite à disposição.
- As diferenças: O melhor iogurte fresco para o preparo do Tzatziki é cremoso e consistente na medida certa, semelhante ao iogurte encontrado no interior de Minas Gerais, nas férias da minha meninice. Se as opções existentes são os iogurtes comumente encontrados no supermercado, então, considere o iogurte seco das lojas de iguarias árabes.
Rale os pepinos japoneses frescos e retire o excesso de água.
Rale o alho.
Com uma colher misture os ingredientes.

Complemento: Imperdível o comentário carinhoso e bem humorado da querida Gerana - todos os comentários da Gerana são imperdíveis -  o "pon" é o melhor acompanhamento do tzatziki.

We who have known the heart of each day and the heart that never ages

Outro dia assisti o documentário sobre as riquezas do mar e as perspectivas oferecidas pelos oceanos para a melhoria de nossa vida futura, quando um dos cientistas entrevistados comentou sobre os crustáceos (“lixeiros marinhos”) e sua incapacidade de entender como as pessoas conseguem comer crustáceos... Deixo de lado aspectos cientificos e penso na contingência econômica: Como comer camarões, em São Paulo, a R$ 72,00 o quilo? “Lixeiros” luxuosos esses, não?
Camarões à grega com cara e jeito de camarões à grega, sem fritura, acompanhamentos e temperos em demasia, sem perda de tempo e dificuldade. Os camarões à grega, sabor, puro sabor.
- A limpeza: Utilize uma faca com ponta bem fina e tenha mãos delicadas, para não estragar a casca dos camarões durante a retirada dos resíduos existentes no dorso, próximo à cabeça.
- O cozimento: Coloque os camarões inteiros na água fervente por aproximadamente cinco minutos.
- A diferença: Azeite de excelente qualidade, limão fresco e suculento. Coloque o azeite e o sumo de limão em um recipiente e misture bem.
- Puro gosto: Coloque os camarões cozidos e sem casca no azeite com limão.
- O que fazíamos e não fazemos mais (ou do tempo que comíamos gemada sem receio de contrair salmonela): A cabeça dos camarões possuía sabor inigualável e depois de cozidos sugar esse gosto era o “presente do bom chef de cuisine”.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

The truth is, a wise man said, mysterious elusive, always to be conquered

Saul Steinberg

Vasopressina e oxitocina

Criaram o Discovery Channel e não satisfeitos com a manada de elefantes, as múmias egípcias, a implacável caça dos leões, os inúmeros partos televisionados, o homem contra a natureza selvagem, os caçadores de mitos e tantas outras atrações, criaram o Animal Planet, o Discovery Health, o Science Channel, o Planet Green, o Investigation Discovery e de brinde para a petizada o Discovery Kids.
Não sei se o History Channel faz parte do pacote Discovery, mas sei que apresentam a série "o mundo sem ninguém", a vida de Leonardo da Vinci e o código de vida do mesmo Leonardo (reprisados a exaustão), a queda do império Romano, "cometas e meteoros mortais", "caçadores de OVNIS" e "arquivos extraterrestres', o mundo dos Maias, a criação de nosso planeta, Zapata, "o dia após o desastre" e "o efeito Nostradamus" (outro reprisado a exaustão) programa capaz de aumentar nossa depressão e alimentar a crença do fim do nosso planeta - a julgar pelo calendário Maia e pelas abduções alienígenas -em 2012.
Deixemos de lado os temas bizarros, depressivos e consideremos os programas Discovery em prol do aguçamento de nossos sentidos. Agora, existem aliados fundamentais ao reconhecimento da cara metade ideal, praticante do amor romântico, sexual e incapaz de trair: basta a tomografia computadorizada do crânio e um simples exame de sangue para sabermos se estão presentes a vasopressina e a oxitocina. Pronto. É tudo questão de química, não só a fundamental química entre duas pessoas, mas a química no organismo, para sermos felizes para sempre, amém.

Imagem de Richard Avedon

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Reflected in the eye of the dragon-fly, the distant hills

Graças a Deus o garotão e o cão voltaram da praia.
Acordei com o barulho do telefone, por conta do trinco interno da porta. Com o rosto amassado de sono e os tornozelos adormecidos corri para recebê-los. E agora, gosto de pêssego doce, suculento e gelado na boca, mais uma vez dou graças a Deus que o garotão e o cão voltaram da praia.
Mãe é assim, meio boba. Uma parte menina alegre e a outra inteiramente zelosa. Sobre o fogão o jantar preparado com afeto, às quatro horas da manhã substituído por frutas refrescantes e água. Mãe é assim, totalmente boba. Graças a Deus boba pelo filho e pelo cão.
O amor é assim, totalmente bobo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O que quer dizer

Silent Bob

Dear @SouthwestAir - I know I'm fat, but was Captain Leysath really justified in throwing me off a flight for which I was already seated?
5:52 PM Feb 13th from Echofon
Dear @SouthwestAir, I flew out in one seat, but right after issuing me a standby ticket, Oakland Southwest attendant Suzanne (wouldn't give
5:54 PM Feb 13th from Echofon
last name) told me Captain Leysath deemed me a "safety risk".
Again: I'm way fat... But I'm not THERE just yet. But if I am, why wait til my
5:56 PM Feb 13th from Echofon
bag is up, and I'm seated WITH ARM RESTS DOWN. In front of a packed plane with a bunch of folks who'd already I.d.ed me as "Silent Bob."
5:58 PM Feb 13th from Echofon
Kevin Smith twitter

Diretor Kevin Smith é expulso de avião por não caber na cadeira

No último sábado, o ator e diretor americano Kevin Smith foi obrigado a deixar um avião da Southwest Airlines por não caber na cadeira e, através da rede social Twitter, gerou polêmica nos Estados Unidos.
Smith, conhecido especialmente pelo personagem Silent Bob na série de filmes "O Balconista", escreveu com ironia no Twitter: "Não quebrei nenhuma regra, nem representava um risco para a segurança. O que eu poderia fazer, rolar sobre outro passageiro?".
Quando voa pela Southwest Airlines, Kevin Smith costuma comprar duas passagens. Dessa vez havia feito o mesmo, mas, como surgiu uma vaga em um voo anterior, decidiu antecipar a viagem, só que teve acesso apenas a uma poltrona.
A companhia aérea se desculpou pelo ocorrido e deu um vale de US$ 100 ao ator. A empresa, porém, se manteve firme na postura e disse ter tomado a decisão certa em prol da "segurança e da comodidade" dos passageiros.

Matéria publicada hoje, na Folha on line e no L.A. Times de 13.02.2010. 

Imagem reprodução

Contra todo tipo de abandono

Por onde começar?
Há tanto abandono, tanto desamparo.
O insuportável e inaceitável abandono de pessoas, sentimentos, animais, valores e atitudes corretas. Abandonamos nosso próprio planeta e, às vezes, nos abandonamos.
Conjugamos com imensa facilidade – e impunidade – os verbos deixar, desamparar, fugir, desistir, afastar, desleixar e ficamos impermeáveis ao melhor que a vida nos oferece: A liberdade e a generosidade.
Nossa pequenez transformou em mesquinha a nossa mente e a nossa alma; transformou nossa existência vazia, sem lembranças.
Todas as formas de abandono parecem estar vinculadas ao receio que temos de perder nosso conforto (ou o que julgamos ser o nosso conforto), de nos comprometermos, de assumirmos responsabilidades, de nos entregarmos e até mesmo de nos enganarmos. O abandono também parece ser resultado da ambição desmedida, que não aceita amarras e nada respeita.
O amparo e o acolhimento, contrários ao abandono, podem (e deveriam) ser exercidos por todos, não importa a forma e desde que firmados pela responsabilidade e pela dedicação. A responsabilidade e a dedicação vinculam e é do vínculo, principalmente emocional, que fugimos.
Eu quero muito que as campanhas se unifiquem e todas se voltem contra o abandono. Todos devem ser contra o abandono: O abandono de pessoas, principalmente crianças, idosas e enfermas; o abandono de nós mesmos (os vícios, os males, o desrespeito, a infelicidade); o abandono dos melhores sentimentos; o abandono do nosso planeta; o abandono dos valores e das atitudes corretas (da moral, da ética); o abandono dos animais. Todos devem colaborar e tal qual a fome (outra forma de abandono), o abandono deixará de existir.
Ninguém é obrigado a adotar se não tiver condições – é melhor não adotar sem condições emocionais, físicas e materiais, mas sempre há alguma atitude que podemos assumir para extinguir de vez o abandono.
Pode parecer batida esta imagem, mas imagine o fim da sua vida e olhe para trás. O que você vê? O que você leva?


Na caminhada pela Paulista entrei no casarão nº 1919, uma feirinha de miscelânea, com bugigangas, raridades e surpresas. No final da feirinha as gaiolas de cães abandonados recolhidos pelo Instituto de Zoonose da capital. O olhar, é o olhar do ser abandonado que mata a gente por dentro.
O responsável pelos cães não sabia explicar as causas do abandono. Foi o que tentei fazer aqui.

The memory of the field is lost with the loss of its herbs

"The rush of battle is often a potent and lethal addiction, for war is a drug."

Eu também entrei na onda e assisti ao filme The Hurt Locker (Guerra ao Terror), 2008, “da mulher de James Cameron” - quanto engano nessa qualificação.
Nos anos oitenta, Kathryn Bigelow foi supervisora de scripts, atriz, roteirista e dirigiu seu primeiro filme.
Em 1991, conquistou o sucesso com Point Break (Caçadores de emoção) sobre gangue de surfistas, liderada por Patrick Swayze, que roubava bancos e desafiava o perigo em imensas ondas ao redor do mundo e o policial boa pinta, Keanu Reeves, infiltrado na quadrilha. Imagens sensacionais, adrenalina e emoções garantidas.
Após dez filmes a cineasta, que foi casada com Cameron por dois anos e meio (1989/1991), filmou The Hurt Locker, sobre a guerra contra o Iraque e equipe de soldados especializados no desarme das inúmeras bombas espalhadas por terroristas em solo iraquiano. Guardadas as devidas proporções lembrei de Marguerite Yourcenar e sua brilhante obra escrita em primeira pessoa, “Memórias de Adriano”, sobre a vida do imperador romano.
A tensão e a violência são magistralmente apresentadas através de excelente trabalho de câmera, assim como são representados os dilemas morais, éticos, a manutenção da humanidade e da solidariedade em ambiente tão hostil, além dos distúrbios emocionais sofridos pelos soldados norte-americanos. Sem qualquer julgamento sobre a guerra, tampouco sobre o comportamento dos soldados, Bigelow realizou um dos melhores filmes de guerra, apreciado mesmo por quem não gosta do tema.